O câncer ginecológico durante a gravidez, na maioria das vezes, é diagnosticado durante o pré-natal. Dentre eles, o câncer de colo de útero é um dos mais identificados, somente o câncer de mama tem uma incidência maior.
Em razão de o câncer ter uma tendência potencial em ser fatal, adiar o tratamento pode diminuir consideravelmente as chances de sucesso. Por esse motivo, o câncer normalmente é tratado, estando a mulher grávida ou não.
Entretanto, alguns desses tratamentos padrão — como a radioterapia, quimioterapia e cirurgia — podem prejudicar o feto.
Diante disso, talvez algumas mulheres passem a considerar a realização de um aborto. Porém esses tratamentos podem ser planejados de forma que os riscos para o feto sejam minimizados.
Principais câncer ginecológicos que podem surgir durante a gravidez
Abaixo, veja quais são os principais tipos de câncer ginecológicos que podem surgir durante a gravidez e os possíveis tratamentos a serem adotados.
Câncer de colo de útero
O câncer de colo de útero é provocado por infecções motivadas pelo vírus do HPV (sigla em inglês para Papilomavírus humano), que ocasiona feridas pré-invasivas no útero.
Inicialmente a mulher fica assintomática, o que prejudica e retarda tanto o diagnóstico quanto o tratamento da doença.
Existem dois tipos principais de câncer de colo do útero: os carcinomas de células escamosas — que representam a grande maioria dos casos — e os adenocarcinomas — que são bem raros.
Tratamento
O tipo de tratamento vai depender de alguns fatores, como, por exemplo: o tipo de câncer de colo de útero, o quanto se espalhou, qual o tamanho do tumor, com quantas semanas de gravidez a gestante está e quais são as vontades dela.
A utilização da quimioterapia não é recomendada durante os primeiros três meses de gestação, uma vez que o feto que ainda está se formando e pode ser prejudicado.
Portanto, se a mulher descobrir o câncer de colo do útero nesse período da gestação, o adiamento do tratamento pode ser sugerido pelo médico.
Porém, dependendo da velocidade que o tumor vem se desenvolvendo e do seu tamanho, o tratamento terá que ser iniciado imediatamente.
Assim sendo, normalmente são indicadas as opções a seguir:
- Conização: nesse procedimento, o tecido do colo do útero que está doente é removido;
- Traquelectomia radical: nessa intervenção, a maior parte do colo do útero é removido.
A partir do sexto mês de gravidez, a quimioterapia pode ser realizada com segurança com o objetivo de reduzir o tamanho do tumor.
Há casos, que o médico pode sugerir que o parto seja antecipado, a fim de minimizar os riscos para a mãe e para o bebê.
Câncer de ovário
O câncer de ovário normalmente tem seu início na superfície dos ovários e habitualmente só tem seu diagnóstico quando já se encontra em um estágio avançado.
Esse tipo de câncer tem o poder de desenvolvimento maior em mulheres com idades entre 50 e 70 anos (1 em cada 70 mulheres nessa faixa etária acabam desenvolvendo a doença).
Nos Estados Unidos, é o tipo de câncer ginecológico que mais leva mulheres a óbito.
Tratamento
Assim como no câncer de colo do útero, a quimioterapia também não é indicada no tratamento do câncer de ovários nos primeiros três meses de gravidez.
Porém o tratamento mais indicado para esse tipo de câncer é a intervenção cirúrgica e ela pode ser realizada com segurança mesmo durante a gestação.
Câncer de mama
Diagnosticar um câncer de mama durante a gravidez é bem complicado. A mama passa por alterações naturais, ficando mais inchada, dolorida e densa, fatores que fazem com que a mulher não perceba o câncer se manifestar.
Portanto, para o diagnóstico correto é recomendado a realização de um ultrassom — que não utilize radiação ionizante, prejudicial o feto.
A mamografia também pode ser indicada, porém um avental de chumbo deve ser usado a fim de proteger a barriga da gestante.
Tratamento
A cirurgia para retirada do câncer da mama é um parte importante do tratamento para todas as mulheres e normalmente é segura no período gestacional. Entre as opções cirúrgicas para o câncer de mama, estão:
Mastectomia
A mastectomia é usada com mais frequência nas gestantes com câncer de mama devido ao fato da maioria das mulheres que realizam a cirurgia conservadora da mama necessitarem de radioterapia posteriormente.
A radiação pode causar danos ao bebê se for administrada durante o período gestacional, porém adiá-la por muito tempo poderá aumentar a chance de reaparecimento da doença.
Lumpectomia
A lumpectomia — ou simplesmente cirurgia conservadora da mama, pode ser indicada se o câncer ginecológico durante a gravidez tiver tido o seu diagnóstico a partir do terceiro trimestre de gestação.
Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como oncologista em Londrina!